“Você não fotografa com a sua máquina. Você fotografa com toda sua cultura”(Sebastião Salgado). Eu adicionaria mais alguns itens: você fotografa com sua cultura, sua experiência de vida, seus anseios, suas dores, suas marcas. Você fotografa com a sua alma.
Esta alma, inquieta e curiosa ao extremo, embora super tímida e calada, desde criança tinha algumas paixões. Talvez a maior dela fossem as máquinas. Qualquer uma que fosse – desde uma simples chave de abrir a porta de casa até uma TV, passado por rádios, relógios, quadros de força, etc. Junta-se a paixão por máquinas e a curiosidade extrema e os aparelhos eletro-eletrônicos “choravam de medo” ao ver o pequeno gordinho com uma chave de fenda na mão (ainda mais se houvesse junto um alicate – o velho alicate de cabo amarelado do avô materno). Não que ele saísse desmontando tudo a qualquer hora (mas que havia essa vontade, havia…!), mas, bastava uma falha qualquer que a curiosidade atiçava e lá ia ele desmontar o aparelho pra descobrir a causa e tentar consertar. Depois de algumas molas e parafusos perdidos pela casa, alguns (muitos) choques elétricos e alguns (muitos mesmo!) erros, as coisas começaram a aparecer consertadas – o que acontece até hoje (tanto as coisas consertadas quanto os choques e os erros e também as molas e parafusos perdidos pela casa).
Uma das máquinas que mais chamava a atenção era a câmera fotográfica. A do tio – uma antiga Olympus Pen.
Eu era maluco pra entender como acontecia a magia de colocar um pedaço de plástico dentro de uma máquina, apertar um botão, e, depois, ver em um papel aquilo que a gente tava vendo pelo visor do aparelho. Até hoje quero comprar aquela câmera dele (pena que ele jamais venderia).
Aquele menino tímido e curioso cresceu. A timidez ainda existe (um pouquinho menos), a curiosidade só aumentou, mas hoje fala até demais. E ele foi mexer com máquinas, sim, mas, com outros tipos – daquelas que tinham botões, tela e muitos comandos. Minha formação e minha carreira primária se focaram nela, a informática (hoje o “correto” é TI, mas pra mim vai ser sempre “informática”) “pegou de jeito” e eu acabei entrando de cabeça nessa área (me formei tecnólogo em redes de computadores). Mas a fotografia sempre esteve do lado. Ali, quietinha, esperando o momento certo de voltar pra minha vida.
No começo foram as paisagens e fotografia de rua. Um chá-de-bebê aqui, uma festinha de aniversário ali, muito estudo – o que me fez entender a fotografia além da simples foto, como ela faz parte da vida das pessoas, como ela pode modificar toda uma trajetória. Depois a coisa começou a ficar séria, houve um convite (na verdade, uma “intimação”, no bom sentido) para fotografar um casamento, e foi então que aquele “bichinho de fazer a diferença na vida das pessoas” pegou. A partir daí, a fotografia passou a ser usada para justamente “fazer a diferença”. Uma hora ela é usada para resgatar a auto-estima das mulheres com retratos femininos e ensaios sensuais, onde a mulher volta a compreender sua beleza sem o estigma dos “padrões de beleza”, e, em outra hora, registramos a crença no Amor e na certeza de que apenas com Amor mudaremos o mundo, através da fotografia de casal, família e casamentos.
“Uma foto que não é feita é uma lembrança do seu futuro que deixa de existir” (eu ainda estou tentando achar o autor desta frase).
Me dá a honra de fazer parte da sua história e de fazer as suas lembranças do futuro?